Um TURISMO sustentável, fronte a massificaçom turística.

O turismo pode ser definido como uma atividade que consiste em viajar, com o objetivo de conhecer diferentes localizações geográficas. Desde os tempos antigos, houvo viajantes que viajaram para outros lugares por motivos comerciais, aventureiros, espirituais ou para a conquista de novos territórios.

Mas o setor do turismo como o conhecemos hoje, surgiu com a revoluçom industrial, quando o turismo passou a ser formado por empresários como a Thomas Cook, que organizou os primeiros roteiros turísticos. E à medida que o transporte e as comunicações melhoraram, o turismo também cresceu rapidamente e hoje é um setor que gera muitas atividades econômicas em torno das viagens. Atividades de lazer, culturais, de hospedagem ou de transporte.

Hoje, muitas cidades, países e regiões têm visto o turismo como um recurso econômico muito procurado em todo o mundo e que gera a criaçom de muitas empresas e empregos. Além disso, muitos desses territórios passam a se especializar neste setor, gerando uma certa dependência econômica do mesmo. Como nas áreas industriais, agrícolas ou de mineraçom.

Por isso, um facto positivo é que o turismo obriga as administrações locais, regionais e nacionais a envolverem-se na conservaçom do seu património histórico e dos seus recursos naturais, uma vez que o mercado cria competência, nom só de preços, mas também de qualidade. É por isso que nas cidades onde havia bairros degradados e abandonados, eles foram reabilitados e hoje estám repletos de bares, restaurantes, lojas e alojamentos turísticos.

Porém, uma economia voltada exclusivamente para o turismo gera aspectos negativos como a massificaçom, a deterioraçom ambiental ou a poluiçom sonora. Isso prejudica principalmente a populaçom local, que muitas vezes é obrigada a mudar de residência, fugindo do barulho ou dos altos preços dos aluguéis provocados polo turismo.

Exemplo disso som as cidades portuguesas de Lisboa e do Porto, que, graças a políticas de orientaçom turística, viram em poucos anos como muitos dos seus edifícios foram reabilitados para alojamentos turísticos e locais para restauraçom. Actualmente som cidades que atraem um significativo investimento estrangeiro, bem como turistas, estudantes Erasmus ou mão-de-obra de outros países para trabalhar no sector que mais gera empregos.

Mas também fomentou a precarizaçom do emprego, uma vez que o turismo, sem ser uma indústria, tem características laborais semelhantes às dos empregos nas obras ou nas fábricas, com longas horas de trabalho, baixos salários que muitas vezes som complementados com gorjetas, etc.

É particular o caso de cidades mediterrâneas como Barcelona ou Veneza, que som visitadas por milhões de turistas por ano, muitos deles em excursões de cruzeiros, que também produzem resíduos significativos no mar Mediterrâneo.

No caso de Barcelona, ​​o aumento excessivo dos preços dos aluguéis no centro histórico, além do barulho, obrigou a muitos dos seus moradores a se mudarem para outros bairros, e a tomarem medidas por parte das administrações para regulamentar os apartamentos turísticos. Nas grandes cidades existe um zoneamento em que, além das zonas industriais, comerciais e residenciais, existem também zonas turísticas. Talvez com um bom planejamento isso nom seja tam negativo.

E no caso de Veneza, por ser uma cidade turística de grande valor de patrimônio histórico-artístico, hoje se tornou uma espécie de cidade-museu repleta de lojas de souvenirs, onde quase nada resta duma cidade com identidade própria e tranquila para morar. Ao contrário, o grande afluxo de turistas durante os meses de verão faz com que o número de visitas seja limitado e que seja cobrada uma entrada para visitar a cidade.

Uma situaçom semelhante ocorre noutras cidades turísticas. Em Amsterdã, como em muitas áreas do Mediterrâneo, o chamado “turismo da embriaguez” tem aumentado nos últimos anos. Por isso, nos Países Baixos, já apostam na mudança de seu modelo de turismo para um mais sustentável. Evitar grandes campanhas turísticas no exterior, promover o turismo de proximidade e o ecoturismo diante do turismo de massas.

Mas o problema vai além das cidades. São conhecidas as fotos que circulam pola rede da Grande Muralha da China, cheia de gente como se fosse um grande centro comercial. Ou Maya Bay, a espetacular praia tailandesa que ficou famosa por um filme que Leonardo Di Caprio filmou lá, com mais turistas tirando selfies do que tomando o sol. E muitos outros espaços naturais ou históricos menos conhecidos, mas que sofrem, em outra escala, a mesma massificação e deterioração.

Nestes locais turísticos é importante aplicar taxas turísticas ou cobrar entrada para uma melhor proteção e manutenção, além de aumentar a produtividade económica do local onde se encontra. Embora isso possa produzir uma espécie de elitismo turístico como já acontece, por exemplo nas ruínas maias de Machu Picchu (Peru). Aqui existe uma grande diferença de preço no transporte às ruínas, seja de comboio mais rápido e confortável, seja de autocarro lento e incómodo e com um troço a pé.

Algo semelhante acontece com o Caminho de Santiago, uma espécie de turismo de peregrinação com uma essência mais espiritual e natural, mas que está cada vez mais saturado e já se tornou um negócio. Ao seu redor existem alojamentos, restaurantes de qualidade cada vez melhor e preços mais elevados. E gente vendendo todo tipo de serviços para os “peregrinos” até transporte para carregar só a mochila. Talvez num futuro não muito distante existam dois tipos de Caminho, o caro e o barato. É bom explotá-lo como recurso econômico ou manter a sua essência espiritual sem saturá-lo e, assim, ser acessível a todos? Ambas as coisas são compatíveis?

Turistas de paseio na Muralha China

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